Núcleo Vida e Saúde

Assim como a síndrome do QT longo, já vista por nós em outro artigo, a Síndrome de Brugada é uma canalopatia. As canalopatias são doenças que afetam as células cardíacas no seu aspecto molecular, por estarem ligadas ao mal-funcionamento de estruturas da parede da célula do músculo do coração, chamadas de canais iônicos. Tais estruturas são as responsáveis por permitir a entrada ou saída de sais minerais e íons da célula, tais com cálcio, potássio ou sódio, por exemplo. Dentro do músculo cardíaco, estas estruturas são muito importantes pois elas atuam de maneira decisiva na contração e no relaxamento do coração, e um defeito nestas estruturas, seja ele genético (congênito) ou adquirido ao longo da vida, pode levar a uma série de arritmias, que é quando o coração deixa de bater dentro do ritmo normal e esperado para aquela situação em que o corpo se encontra.

As canalopatias são responsáveis por cerca de 50% das mortes súbitas por arritmia. Normalmente os indivíduos com estas doenças apresentam síncopes (desmaios) recorrentes, sejam eles expontâneos ou desencadeados por exercício e presença de arritmia em um coração sem defeitos anatomicos evidentes no ecocardiograma por exemplo.

A síndrome de Brugada acomete predominantemente o sexo masculino e a idade média das mortes súbitas causadas por ela é de 40 anos. História familiar de morte súbita é evidente em 20 a 50% dos casos. É responsável por cerca de 20% dos casos de morte súbita com resultados normais do coração na autópsia.

Ao contrário da Síndrome do QT longo, a Síndrome de Brugada apresenta síncopes e arritmias durante o repouso ou sono e também durante períodos de febre ou após uso de medicações.

O eletrocardiograma de repouso apresenta alterações que sugerem a doença, embora tais alterações possam ser apenas transitórias. Portanto, um eletrocardiograma normal não exclui o diagnóstico totalmente.

Novamente é a história clínica, com as caracteristicas da síncope ou da arritmia e história familiar que sugerem o diagnóstico que deve ser confirmado por cardiologista ou médico experiênte nesta área do conhecimento.

 

OBS: Este artigo tem carater puramente informativo, não substituíndo a consulta presencial a um profissional habilitado e não pretendendo ser fonte única de conhecimento médico.

Artigo elaborado após revisão da literatura médica citada na fonte por Sergio Tranchesi Ortiz, CRM/SP: 109.121 - Clínico Geral (RQE 85913) e Cardiologista (RQE 85912).